História

CONHEÇA UMA BIBLIOTECA VIVA, INTERATIVA E O MELHOR: PÚBLICA

Uma viagem no tempo e um passo para o futuro. Essa é a sensação de quem visita a Biblioteca Pública Estadual Graciliano Ramos. O prédio, que abriga mais de 75 mil livros, passou por grandes transformações ao logo dos seus 150 anos e tem muita história pra contar. Suas prateleiras apresentam um acervo diverso, que vai dos romances aos livros acadêmicos, dos periódicos aos gibis infantis, dos volumes em braile aos audiolivros, dos exemplares de autores alagoanos à obras raras.

Com três andares e 54 salas, o ambiente não expõe somente obras literárias. O visitante de primeira viagem descobre, durante o Bibliotour, que o espaço é uma caixinha de surpresa a cada seção. Nas paredes e corredores, quadros e esculturas de artistas regionais, expõem as artes plásticas da terra, abordando temáticas da cultura e do dia a dia do povo alagoano.

A visita começa pelo Memorial Graciliano Ramos, que reúne uma cronologia da vida e obra do autor alagoano que dá nome à Biblioteca. Seus livros são expostos como homenagem ao escritor, cronista, contista, jornalista, político e memorialista brasileiro, natural de Quebrangulo. Mais adiante, no Memorial da Biblioteca Pública, é possível encontrar móveis e objetos de época, alguns do período da criação da Biblioteca, quando era frequentada por comerciantes para leitura de jornais e se tornou ponto de encontro para bate-papo e informação.

Memorial Graciliano Ramos homenageia o escritor alagoano.

Para os pequenos e futuros leitores, um lugar especial. A Bebeteca é o local de interação, onde as crianças podem brincar e embarcar no mundo da imaginação com diversos livros infantis, brinquedos e jogos de tabuleiro. Neste espaço também é realizada a Hora do Conto, um momento lúdico com contação de histórias e teatro de fantoches para encenação temática e divertida de causo, onde o livro vira personagem principal de um mundo de aventuras, estimulando e incentivando o hábito da leitura.

Bebeteca estimula e incentiva o hábito da leitura entre as crianças

Na sala dedicada aos periódicos, um resgate da memória histórica de Alagoas e do Brasil. Com milhares de jornais, revistas, diários oficiais, o leitor fica diante de notícias que o faz entender o contexto social atual. Seguindo o trajeto, o visitante se depara com um acervo de obras raras. Neste espaço está guardado o livro mais antigo da Biblioteca, “Da Asia”, de 1778, do escritor português Diogo de Couto; o exemplar é único no país. Cerca de cinco mil exemplares compõe o acervo, que exige agendamento antecipado para pesquisa e o uso de máscaras e luvas para manuseio dos livros. Também há um setor dedicado à escritores alagoanos, valorizando e divulgando os autores da terra, além de obras relativas ao estado, totalizando 6.300 livros.

Os espaços multimídias e as ilhas de inclusão digital dão modernidade ao prédio histórico, possibilitando acesso à internet para estudo, pesquisa ou interatividade. No Telecentro são oferecidos cursos gratuitos para moradores de comunidades carentes, proporcionando conhecimento e inserção no mundo virtual. O passeio pelo local se encerra com o Cordel e Prosa, onde o visitante tem um encontro especial com o mestre de literatura de cordel do Patrimônio Vivo de Alagoas, Jorge Calheiros. O cordelista declama suas rimas e ensina a arte de fazer a poesia popular.

 

DE GABINETE DE LEITURA À BIBLIOTECA

O prédio foi construído entre 1844 e 1849,arquitetado por José Antonio de Mendonça – o Barão. Ficou conhecido por Palacete Barão de Jaraguá, por ser a mais imponente construção do Largo da Matriz, atual Praça Dom Pedro II. Conta-se que o edifício é fruto de uma intriga do Barão com Lourenço Cavalcante de Albuquerque Maranhão, o Barão de Atalaia. O objetivo da construção era tirar a vista do mar do rival.

Na imponente residência foi instalado o Paço Imperial quando o imperador D. Pedro II, a imperatriz D. Teresa Cristina e comitiva imperial ficaram hospedados por onze dias na casa do Barão de Jaraguá e participaram da inauguração da Matriz de Nossa Senhora dos Prazeres, em meados de 1859.

A chegada da Família Real foi um marco na mudança dos costumes dos brasileiros. A corte portuguesa trouxe uma série de novos conceitos e atitudes europeias, como o hábito de ler e a expansão dos Gabinetes de Leitura, criando ambientes de socialização. E assim começa a história da Biblioteca Pública Estadual.

O primeiro gabinete do tipo em Alagoas foi instalado em 1856, por José Correia da Silva Titara, graças à doação de quase dois mil livros feita pelo historiador Alexandre José de Mello Moraes, então diretor da Instrução Pública, destinados a constituir o acervo inicial. Outro entusiasta foi o escritor e docente de geografia Thomaz Bomfim Espíndola. O professor era um visionário que entendia que além das funções de guarda e empréstimo do acervo, a Biblioteca poderia alargar os horizontes com mais investimentos para o progresso das letras. Por isso, mais que olhar o prédio como um “depósito de livros” é preciso enxergar o tesouro maior que ele guarda: a história. O suntuoso casario rosado, de janelas azuis e portas coloniais, preserva o passado do desenvolvimento da província para a república e vislumbra o futuro patrimônio literário que passa as barreiras de um século e meio de vida.

 

UMA NOVA BIBLIOTECA

Diante da atual conjuntura quando a maioria das pessoas se distancia da leitura e dos livros, a biblioteca se transforma em símbolo de resgate de valores intelectuais e sociais. Reaberta no final de 2014, após quatro anos de reforma e restauros, para manter a originalidade e características do prédio tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Biblioteca Pública Estadual Graciliano Ramos foi recuperada e trilha um novo caminho no mundo literário. A Biblioteca aposta em projetos sociais e culturais, fidelizando os usuários e atraindo um novo público.

O papel deste equipamento cultural, que antes era apenas uma sala de leitura, hoje é um aparelho de convivência social, em espaço de troca de saberes. É uma organização dinâmica que deve se preocupar com a coletividade, e para isso tem que compreender seu real papel institucional e social. Escrevendo uma nova história na literatura alagoana, a Biblioteca é referência na produção do conhecimento e acesso à informação. Firmada como instituição literária, a Biblioteca celebrou 150 anos, com solenidade e assinaturas de documentos importantes para o avanço do espaço, como “Políticas no Desenvolvimento de Coleções” e o “Regulamento da Biblioteca Pública”. Durante as festividades foram inaugurados o acervo de Carlos Moliterno, doado pela família do poeta alagoano, e o espaço “Confraria Nós, Poetas”, que reúne artistas e apresentações de recitais de poesias.

O equipamento cultural vem ganhando tecnologia com a implantação de totens que vão permitir o acesso online ao acervo, através de um catálogo virtual e serviço de empréstimo. Cerca de dez mil dos 75 mil títulos foram automatizados e estão em processo de etiquetagem e magnetização.

No início deste século, a evolução social expande os objetivos da biblioteca, quando se amplia o objetivo educacional para o de promoção da cultura em geral. Com a sociedade cada vez mais seletiva, se faz necessário criar um ambiente de integração e acessível, oferecendo serviços adequados tanto para a acessibilidade física quanto a informacional.

Através das atividades de interação lúdica entre livros e visitantes, a Biblioteca Pública se consolida como um espaço de referência quanto atração cultural, ao oferecer uma gama de serviços nos aspectos educacional, cívico, de lazer e de pesquisa com o intuito de formar cidadãos através da leitura. Um calendário mensal de atividades garante um fluxo de mais de mil visitantes por mês. Cada um com histórias de vida e necessidades completamente diferentes. Além dos estudantes e concurseiros, que formam o maior público do local, há aposentados em busca de companhia, trabalhadores em busca de sossego, e alguns outros querendo concretizar sonhos e mudanças.

Dentro da programação mensal, a Cinemateca traz exibição de curtas e longas-metragens, atraindo o público que trabalha no Centro, no período de intervalo para almoço e descanso. Também é realizado o projeto Coco, memória e cordel, com o cordelista e Patrimônio Vivo Jorge Calheiros, com a finalidade de repassar a sabedoria da cultura popular, através da musicalização do ritmo coco com o cordel.

O projeto Troca Troca é mais uma das ações de incentivo à leitura através da permuta de livros entre leitores alagoanos. O ato consiste na troca de livros por pessoas que têm obras de qualquer gênero em casa e não têm mais interesse pelo exemplar, por uma nova leitura disponível na estante especial.

BIBLIOTECA ACESSÍVEL

No Brasil não existem muitos serviços de informação para pessoas com deficiência. Os que existem ou não têm profissionais especializados em informação ou são voltados apenas para um tipo de deficiência. Em Alagoas, a Biblioteca Pública Estadual Graciliano Ramos sai na frente e se torna pioneira nesse tipo de acessibilidade com o projeto Biblioteca Acessível.

Centro de atividades culturais, informação e lazer que democratiza o acesso ao conhecimento, fomenta a leitura e promove à educação, a Biblioteca também é referência em acessibilidade. Com implantação de acessibilidade múltipla, possibilita o acesso de pessoas com deficiência ao seu acervo físico, digital e virtual. Um passo importante para a democratização da informação.

A Biblioteca possui piso e mapas táteis, entrada acessível com rampas, elevador com botoeiras internas e externas, banheiros adaptados, auditório de fácil adaptação do cadeirante, estantes com altura acessível, computadores com sistema de leitura de tela, acervo impresso em braile, áudio livro, guia – vidente e contação de história para cegos. Tudo pensado para Receber a todos sem restrições.

 

Biblioteca é referência em acessibilidade para deficientes físicos e visuais.

Ao longo dos anos, a Biblioteca Pública Estadual Graciliano Ramos sofreu mudanças na sua estrutura física, com uma reforma que revitalizou e modernizou o espaço. Porém, a maior mudança está sendo na prestação de seus produtos e serviços, seja pelas novas tecnologias, seja pela necessidade e perfil de cada usuário. Novos projetos surgiram e alguns sofreram adaptações para abranger a uma demanda maior de leitores. Equipamento do Governo de Alagoas, vinculado à Secretaria do Estado da Cultura, a Biblioteca Pública Estadual Graciliano Ramos está inserida aos moldes das bibliotecas modernas do Brasil, além de ser uma das maiores referências bibliográficas para as bibliotecas públicas municipais do Estado.

A Biblioteca Pública assume a função de mediadora da informação e da aprendizagem, se convertendo em espaço chave para o processo de aprendizagem ao destacar a importância do livro e da leitura para a formação e desenvolvimento do cidadão.

Assim, o termo Biblioteca Pública surge para reforçar que é um ambiente de atendimento e acolhimento de todos, como forma de inclusão social num espaço destinado à informação a partir de um elo de integração entre os indivíduos e o equipamento. Aos alagoanos, cabe o reconhecimento como possuidores de um legado cultural e isso deve ser preservado. Devem usufruir desse vasto acervo para pesquisa ou até mesmo tomar emprestado um bom título para o deleite literário.

 

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